DGM Global em colaboração com o DGM Brasil realiza intercâmbio no Maranhão com representantes do Brasil, Guatemala e Equador

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Publicado em 2 de Maio de 2024 às 13:00

De 8 a 13 de novembro de 2023, o DGM Global, em colaboração com o DGM Brasil, realizou o 2º Intercâmbio Bilateral Especializado no Lago do Junco, Maranhão, na região do Cerrado brasileiro. O intercâmbio teve a participação de13 representantes de comunidades indígenas, tradicionais e locais da Guatemala, Brasil e Equador, estes que são implementadores de projetos locais que compõe o DGM, membras e membros do Comitê Gestor Nacional (CGN) e membras e membros de instituições e organizações parceiras. No caso do Brasil, tiveram presentes membros do CGN e a Agência Executora Nacional do projeto, que é o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM).

Logo no primeiro dia, na chegada da delegação em São Luiz - MA, após a receptividade, foi realizada uma visita à sede do Movimento Interestadual de Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) para conhecimento dos produtos e das experiências das quebradeiras e desafios, desse que é um dos maiores movimentos femininos da América Latina.

Na primeira imagem mostra sabonetes produzidos pelo grupo de mulheres do MIQCB e, em seguida, Dona Rosário mostrando como quebrar o coco babaçu. (Fotos: Valdir Dias / Comunicação CAA-NM e DGM Brasil)

Durante os quatro dias de intercâmbio, os participantes visitaram comunidades, a organização ASSEMA, cooperativa COPPALJ, associações e grupo de mulheres e áreas de babaçu onde as famílias cultivam e manejam amêndoas de babaçu. O babaçu na região do Médio Mearim, no Maranhão é a base do extrativismo e fortalece a renda e os modos de vidas de muitas famílias, principalmente as mulheres. Um recurso natural, que basta somente o manejo e conservação e assim são diversos resultados e benefícios, uma vez que do babaçu tudo é aproveitado, desde o mesocarpo, a matéria prima usada para as farinhas e demais produtos derivados, até suas “sobras” que podem ser usadas para a queima no fogão ou como próprio adubo no solo.

Em uma das visitas, os participantes conheceram a propriedade de Dona Sibá, uma pessoa encantadora, feliz e que tem a mata de babaçuais como o “pulmão” de sua propriedade. Dele ela tira o óleo, usa no seu fogão, alimenta os animais além de arborizar seu quintal. (Fotos: Valdir Dias / Comunicação CAA-NM e DGM Brasil)

Em um contexto em que, nitidamente, enxergamos belezas, riquezas naturais e potencialidade do extrativismo, há também os desafios e ameaças. Para ter babaçu é necessário que haja territórios preservados e esse tem sido o maior desafio enfrentados pelas famílias quebradeiras de coco, vendo as matas de babaçuais envenenadas, destruídas e substituídas por pastagens para criação de gados. Se de um lado as quebradeiras usufruem do extrativismo com suas tradições, amor, respeito e zelo à natureza, sem agredir e desmatar, do outro lado, os grandes fazendeiros só enxergam lucro sem pensar nos impactos ambientais, na conservação das áreas e no rompimento dos modos de vidas tradicionais das famílias que ali vivem.



 

Imagens áreas das matas de babaçuais. (Fotos: Valdir Dias / Comunicação CAA-NM e DGM Brasil)

Onde há luta e desafios, há também organização e resistência. O que se vê nos territórios tradicionais do Médio Mearim são famílias que, movidas pelo amor às suas tradições, garantem a conservação dessas áreas e promovem o próprio desenvolvimento local. E, onde as áreas de babaçuais estão preservadas é graças ao empenho na luta e resistência das comunidades locais, principalmente, das mulheres quebradeiras de coco e, que junto a elas estão organizações e cooperativas que as apoiam.

A Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e Lago dos Rodrigues – MA (AMTR), por exemplo, foi uma das associações visitadas durante o intercâmbio, nos quais os participantes tiveram a oportunidade de ouvirem as histórias das mulheres protagonistas desta que é uma das associações criadas a partir dos movimentos das quebradeiras organizaram e sentiram a necessidade de criarem algo coletivo que elas pudessem trabalhar, beneficiar o babaçu e produzirem seus produtos e, ao mesmo tempo, contribuir na preservação ambiental, fortalecimento dos direitos das mulheres, valorização dos modos de vidas e promoção de políticas públicas.

Visita a associação AMTR. Apresentação das histórias e produtos produzidos de babaçu. (Fotos: Valdir Dias / Comunicação CAA-NM e DGM Brasil)

Como um dos principais focos, o intercâmbio promoveu uma rica troca de conhecimentos e experiências sobre questões relacionadas com a gestão e sustentabilidade dos recursos naturais, além de discutir e compreender outros processos e ações que estão conectados com este tema da sustentabilidade, como monitorização e avaliação participativa, conservação ambiental, desenvolvimento comunitário, participação indígena e alterações climáticas. No final, foi unânime as falas avaliativas dos participantes do Equador e Guatemala, ressaltando-as a importância sobre a vasta aprendizagem adquirida no encontro, da oportunidade de terem conhecidos parte dos recursos naturais do Brasil e as formas de fazerem o manejo e gestão e, convictos, eles afirmaram: “iremos levar essas experiências para aplicarmos em nosso país”.

 

Para Samuel Caetano, colaborador do CAA-NM e coordenador Projeto DGM Brasil, ele enxerga esse intercâmbio como uma “semente fértil”, com povos diversos que vivem em ambientes diferentes, porém com realidades parecidas. Ele ainda ressalta importância deste para a conservação dos biomas: “Este intercâmbio representa a construção de laços no manejo dos biomas tendo o modo de vida tradicional como base e como que isso consegue promover um processo, uma economia que circula a nível local, mas que também esse manejo traz um equilíbrio climático que é de fundamental importância para o planeta”.

Assista ao documentário e vejas as belezas naturais, mais detalhes e opiniões dos participantes sobre o intercâmbio.